Prefeitura retoma limpeza, mas Lagoa da Pampulha seguirá suja

Bruno Inácio e Cinthya Oliveira
horizontes@hojeemdia.com.br
05/09/2018 às 20:41.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:18
Lagoa da Pampulha convive com problema histórico de poluição (Lucas Prates / Hoje em Dia )

Lagoa da Pampulha convive com problema histórico de poluição (Lucas Prates / Hoje em Dia )

Paralisada em março, a despoluição da Lagoa da Pampulha, cartão-postal de Belo Horizonte, deverá ser retomada até o fim deste mês. Essa etapa da limpeza busca manter a qualidade da água em nível 3, que tem recomendação para a pesca amadora e a prática de esportes náuticos. O serviço não resolve ainda o problema de degradação da represa.

Conforme a prefeitura, serão feitos desassoreamento e retirada de rejeitos, além de ações para mitigação do mau cheiro. Durante o período de tratamento serão aplicados produtos químicos para atenuar o excesso de matéria orgânica, reduzir a presença de coliformes fecais, diminuir os índices de fósforo e controlar a floração de algas. 

“A limpeza da Pampulha será constante e eterna enquanto todos os córregos que descarregam esgoto por lá não forem devidamente interceptados pelo tratamento da Copasa”, destacou o prefeito Alexandre Kalil, ontem, durante visita a obras na Vila Viva São Tomaz, na zona Norte da cidade.

Reinício

A despoluição da lagoa foi interrompida com o fim do contrato entre a prefeitura e a empresa responsável pelo serviço. Na próxima semana, a autorização da retomada dos trabalhos será assinada. Baseado em lei que prevê a dispensa de licitação em casos que não é possível a competição entre empresas, o Executivo municipal conseguiu recontratar o consórcio que já fazia a limpeza.

As condições atuais da represa ainda serão analisadas. “Só com o início dos trabalhos será possível dizer em qual nível a água se encontra atualmente”, informou, em nota, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura.

Retrabalho

O pesquisador Carlos Marinez, da UFMG, afirma que a situação da lagoa piorou nesse período em que a limpeza foi suspensa.

O especialista reforça a necessidade de pôr fim ao esgoto lançado no local. “É preciso um esforço conjunto entre as prefeituras e o governo do Estado. Se as redes de esgoto forem tratadas e desviadas por completo, ainda será necessário o desassoreamento, mas ele será mais fácil e poderá acontecer em prazos maiores”, comenta.

Em nota, a Copasa afirmou ter atingido a meta de recolher 95% do esgoto e ressaltou que faz trabalhos sociais para retirar 100% dos dejetos na bacia. Para o ano que vem, a companhia prevê a aplicação de R$ 10 milhões para remover a sujeira da margem direita da lagoa e conectar cerca de 12 mil imóveis da capital e de Contagem, na região metropolitana, ao esgotamento sanitário.

Já a Prefeitura de Contagem garantiu trabalhar em conjunto com a Copasa na caça às ligações clandestinas de esgoto, que caiu de 12% para 5% das residências do município desde 2014. A administração também ressaltou que prioriza o “estabelecimento do corredor ecológico” que engloba o córrego Sarandi, que contribuirá com a bacia hidrográfica da Pampulha. 

Segundo a PBH, diariamente são retiradas dez toneladas de lixo em dias secos e 20 toneladas em períodos chuvosos da represa.

Desde a primeira etapa, já foram recolhidos mais de 980 mil metros cúbicos de sedimentos. O novo contrato, vigente até 2022, prevê a remoção de 520 mil metros cúbicos, com investimentos de R$ 33 milhões.

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