13 crimes por dia

Furtos e roubos de motos disparam em BH; veja os modelos mais visados pelos ladrões

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 01/05/2023 às 07:00.

"Levaram minha moto duas vezes em menos de 15 dias, no mesmo lugar, em frente ao meu trabalho, em uma avenida movimentada". O relato, cheio de revolta e tristeza, é do entregador Thiago Borges, de 34 anos. O motociclista é uma das centenas de vítimas de furtos e roubos dos veículos de duas rodas em BH. 

Os crimes dispararam neste ano, com aumento de 67%. O cenário reforça a necessidade de mais segurança nas ruas e de atenção redobrada dos pilotos. Dentre os motivos para o aumento, a maior procura por esse meio de transporte, puxada pelos serviços de entrega. Os modelos de 160 cilindradas são os mais visados pelos ladrões.

Só em janeiro e fevereiro, 780 motos foram tomadas por bandidos, contra 466 no mesmo período do ano passado. Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas (Sejusp). 

Thiago Borges teve a motocicleta furtada no último dia 20, no bairro Caiçara, região Noroeste da capital. Antes, já havia sido vítima em 10 de abril. O veículo foi recuperado três dias depois, com alguns danos provocados pelos criminosos. Ele pagou o conserto e reforçou as travas de segurança, mas foi surpreendido. 

O furto ocorreu por volta de 9h. "É revoltante. Fiquei sem chão. Eu tenho seguro, mas é muita burocracia. Fiquei sem meu meio de transporte, havia feito um empréstimo para comprar ela em dezembro do ano passado. Estou pagando sem ter a moto", lamenta Thiago, que pretendia instalar um rastreador no veículo naquele dia.  

Esses e outros sistemas de segurança, como trancas, são cada vez mais necessários, destaca o presidente do Sindicato dos Motociclistas de Belo Horizonte, Rogério Santos. Segundo ele, outro fator que contribui para o aumento dos crimes é o descuido de parte dos motociclistas. Alguns, em meio à correria do dia a dia, param e não acionam o dispositivo. O presidente do sindicato cobra mais fiscalização para barrar a receptação. 

Mesma cobrança para reforçar o combate ao mercado paralelo é feita pelo coronel da reserva da PM, Alberto Luiz. "Há uma facilidade de se subtrair a moto, com uma chave falsa por exemplo, e uma facilidade para desmanchar e vender as peças", avalia o especialista em segurança pública, que ainda citou o mercado, que segue aquecido no país. Em 2022, as vendas de motocicletas aumentaram 17%.

Fiscalização 

A disparada dos crimes também está associada ao aumento de motociclistas nas ruas, principalmente com a demanda elevada dos serviços de entrega. A análise é da delegada Gislaine de Oliveira Rios, da 2ª Delegacia Especializada em Prevenção e Investigação de Furto e Roubo de Veículos Automotores. Segundo ela, as forças de segurança montam uma força-tarefa para tentar prender quadrilhas especializadas. 

Gislaine Rios garante que ações efetivas são realizadas diariamente e resultam na recuperação de 50% das motocicletas furtadas. "A oferta para o crime está maior, além dos motociclistas sempre pararem em via pública, e isso vai aumentando os casos. O furto acontece com a oportunidade. Diante disso, a gente então tem os focos no desmanche, na venda de peças e quanto em quem adquire os veículos. É uma cadeia de produção criminosa e a gente vai atuando para coibir as frentes". 

A delegada diz que alguns cuidados podem dificultar a ação dos bandidos, como colocar uma tranca e, também em meio à correria da rotina dos entregadores, não esquecer a chave na moto. "Tem muito do papel da vítima em entender que precisa resguardar esse bem", diz a delegada. 

160 cilindradas é a "queridinha" dos veículos

Proprietários de motos modelo 160 cilindradas devem redobrar os cuidados. Segundo a delegada Gislaine Rios, essas são as "queridinhas" dos ladrões, que as subtraem para fazer adaptações em motos de menor potência. 

"Elas têm maior incidência, tanto no furto quanto no roubo. A gente atribui a questão do motor 160 estar sendo usado nas motos de 150 cilindradas. Eles estão adaptando essas motocicletas porque uma 160 é mais cara, eles optaram então por tirar esse motor, guarda e compra um de 160. Então a moto dele vai funcionar como uma de 160", afirma.

Veja o ranking das três motos mais roubadas ou furtadas em BH

(Editoria de arte)

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