Mais dois partidos encaminharão voto favorável ao impeachment; governo faz marcação 'homem a homem'

Da Redação (*)
primeiroplano@hojeemdia.com.br
14/04/2016 às 07:10.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:56
 (Agência Câmara)

(Agência Câmara)

Às vésperas da votação do processo de impeachment no plenário da Câmara, a debandada de partidos da base aliada tem levado pessimismo ao Palácio do Planalto e faz crescer a importância da presidente Dilma Rousseff em preservar aliados de partidos do chamado centrão, como o PR. Interlocutores do governo no Congresso dizem que a marcação será feita “homem a homem” em detrimento dos contatos com líderes partidários, estratégia que não surtiu o efeito desejado.

Com o desembarque do PMDB do governo, em 29 de março, outras legendas importantes seguiram o mesmo rumo nos últimos dias, como o PP, o PRB e parte do PR. Mesmo sem uniformidade, a maioria dos parlamentares dessas legendas votará contra Dilma.

Após a saída do PPna última terça-feira, ontem foi a vez do PTB e do PSD anunciar que encaminharão no domingo o voto favorável à admissibilidade do processo de impeachment. Só o PTB tem 19 deputados em exercício, sendo que 15 já se manifestaram favoráveis ao afastamento de Dilma.

Rogério Rosso - líder do PSD na Câmara

A situação do governo tem se agravado. Na último dia 5, a oposição contava com 234 votos a favor da derrubada da presidente, segundo levantamento do jornal “Estado de S. Paulo”. Ontem, esse número alcançava 326, até as 19 horas.

Já os congressistas pró-Dilma somavam 110 e, até ontem, haviam alcançado 125. A modificação ocorreu em função da diminuição dos indefinidos, principalmente das legendas que desembarcaram do governo. 

A denúncia do impeachment, que tem como base as chamadas pedalas fiscais, continua a mesma. No entanto, fatos novos ocorreram (veja infográfico abaixo), e isso foi determinante para que alguns políticos deixassem a dúvida de lado, mesmo que esses fatos não tivessem relação direta com o pedido de afastamento. 

Ontem, levantamento realizado internamente pelo PSD mostrava que dos 36 deputados da legenda, 26 já teriam se posicionado a favor do impeachment e somente 5 a favor do governo.

Sistema falido

Na avaliação do professor de Ciência Política da Universidade Federal de Juiz de Fora, Paulo Roberto Figueira Leal, qualquer que seja o resultado da votação de domingo, é uma prova de permanência do mesmo dilema que temos vivido nas últimas décadas.

“O presidencialismo de coalizão, no Brasil, se dá em termos de expectativa de ocupação de cargos. Se o impeachment passar, passará com a promessa e a expectativa de ocupar cargos no governo Temer. E, se não passar, além dos votos da ideologia de esquerda, o governo também terá trazido parlamentares com a promessa de cargos”, afirma.

O professor avalia que será possível verificar que as legendas não têm comportamento uniforme. “Na prática, os partidos têm níveis de diferenças internas tão grandes que o debate fica individual. É bastante razoável supor que, mesmo com isso, uma parte dos deputados pode votar a favor da Dilma”, disse.

O professor argumenta que o impeachment, da forma como está sendo realizado, sem bases jurídicas muito sólidas, abre um perigoso precedente para que os futuros governantes criem maioria no Congresso a qualquer custo, para não serem alvo de pedido de cassação.


PDT diz que ‘não é momento para sair do barco como ratos’

No momento em que o governo perde apoio de partidos que considerava fundamentais para barrar o impeachment, como o PP, o PDT anunciou apoio integral à presidente Dilma Rousseff na votação marcada para o próximo domingo.
 

O líder do partido, Weverton Rocha (MA), disse ontem que o partido fechou questão contra o impeachment, o que significa que deputados dissidentes deverão ser punidos pelo diretório nacional, que se reunirá em maio. “Não vamos sair do barco como se fôssemos ratos”, disse o líder.

Rocha evitou comentar a decisão de partidos da base do governo de passar a apoiar o afastamento da presidente.

“O PDT tem muitas críticas ao governo principalmente na área econômica. Depois que passar segunda-feira, precisamos desmontar esse muro construído na frente do Congresso Nacional”Weverton Rocha, líder do PDT na Câmara dos Deputados


A decisão sobre o voto do PDT foi tomada, segundo o líder, por ampla maioria dos participantes da reunião realizada na noite última terça-feira. Estavam presentes 19 dos 20 deputados pedetistas, o presidente nacional do partido, ex-ministro Carlos Lupi, e o ministro das Comunicações, André Figueiredo. 

“Existem opiniões diferentes no partido, cada um tem sua tese, mas a ampla maioria acatou a decisão e vamos fechar questão.
Quem faz parte da agremiação partidária e não acompanhar a decisão é submetido a sanção. A bancada do PDT não apoiará o golpe e estará ao lado da democracia e da Constituição”, avisou o líder.

O único deputado ausente, segundo Rocha, foi o mineiro Mário Heringer, que declaradamente é favorável à queda de Dilma. “Ele tem críticas (ao governo), mas sempre acompanhou o partido”, disse Rocha.

Apesar do apoio, o líder criticou o governo e cobrou a abertura de amplo diálogo a partir de segunda-feira. “É preciso que as forças políticas sentem para dialogar, porque o que está atormentando a vida do trabalhador é a falta de expectativa de dias melhores. O fantasma do desemprego e da recessão é que tem deixado todos assustados”, declarou. 

O líder do PDT fez referência ao muro erguido em frente ao Congresso para separar os grupos de militantes a favor e contra o impeachment que farão manifestações no dia da votação.

(*) Com Bruno Moreno

  

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